Sim,

Gabriel Muney
2 min readFeb 6, 2024

Antes ainda as partes pra-sempre fáceis e sãs: urina e merda. Outras, das quais me esforço, vou drenando porquê precisam ser drenadas: gozo, lágrima e sangue. Poesia? Palavra? Pus? Estas dependem mesmo é da inflamação e do ensejo. Vou me ensejando até expelir o pra-nunca difícil.

Daí, vou observando os túmulos dos sem-nome, um dia foram também eles ensejados, inflamados e desejosos, como eu o sou agora e vou sendo mais-mais; vivos: a morte está morta!, ouvi dizer, ai de mim. Qualquer parte está primeiro dentro e só depois é que vêm os outros depois.

E este cemitério é verde. Estes túmulos semi-abertos ainda amarronzados vão se recobrindo dum verdume imbatível. O céu: que azul insuportável! Eu me esbatia enquanto admirava as lágrimas doutrem. Mortos: a vida está viva! E viver é dor durante, dor por enquanto — um doer doído.

Implora para mim, também, que fico. Por mim dá tuas cedências. Em mim expõe aquelas cicatrizes. Dentro de mim há espaço para encaixe e, se quer mergulho, eu sei ser vermelhidão, bem-bom, um monstro às vezes, é que me é quase-impossível salgar o rosto. Sim?

Todo túmulo tem rosto de mulher, e fundura de Deus, e caráter de milagre, e fagulha de adeus, e promessa de sombra, é este o tal cério-césio-ciclo, os flutuos, as aberturas, das refletâncias, e as réstias amarelas de luas, sim, sim, sim, todos os túmulos têm?

Sem-poréns a minha mágoa é que esfriam meus fervores quando de sumiços faço faltante a escolha. Mordo a carne entre-metáforas, eu quem me como, sim, debulhado no suor e no sangue, sim, quer que queira, quero sim. Estou ali na tumba, estou, este sou eu: enterrado ali, eu: sim. Sim, como Molly Bloom, Sim, eu disse Sim, eu quero Sim (e do rúim-ruím desta sensação é não conhecer outra medida para se ter ideia do imenso, da clausura e do arrependimento, Sim, eu digo Sim).

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